6 dicas para fazer um reset mental e encarar o ano com mais leveza

jan 27, 2019 by

6 dicas para fazer um reset mental e encarar o ano com mais leveza

“Zere a mente antes de recomeçar.”

Entrevista publicada pela Revista Cláudia, da Editora Abril, em 27 de janeiro de 2019. por Isabella Marinelli.

1.      Dê nome aos sentimentos

O turbilhão cotidiano de informações faz com que nossa cabeça fique em estado permanente de desgaste, como um elástico esticado repetidamente. “Somos expostos a eventos destrutivos, como a violência urbana e o terrorismo. Notamos também, nos últimos meses, forte intolerância e agressividade no ar, cenas de discriminação, falta de paciência no trânsito e tensão, esta principalmente durante as eleições”, exemplifica José Toufic Thomé, psiquiatra especializado em transtornos da contemporaneidade, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Segundo ele, o stress libera adrenalina e cortisol, substâncias que nos deixam em estado de alerta. “As doses constantes levam a um sentimento pesado e paralisante, o esgotamento.” Não conseguimos nos blindar de todos os eventos destrutivos, mas abraçar a vulnerabilidade e identificar os sentimentos ajudam. Primeiro, desvende a causa da sensação de estafa, pois o que não sabemos explicar tende a se transformar em angústia. É o trabalho? Um relacionamento amoroso? O tempo gasto nas redes sociais? “Depois, crie estratégias que afastem você desses contextos.” Vale marcar um horário para tomar café sem levar o celular ou escrever uma carta em que revele a alguém o motivo da aflição.

2.      Controle os pensamentos repetitivos

É aquela máxima: o que pensamos afeta nosso corpo diretamente. Quem está cansado é mais crítico consigo e com os outros, tende ao desânimo com frequência e reage com reclamações. “Existem ainda aqueles raciocínios chamados de disfuncionais, que surgem em nossa mente, mas não condizem com a realidade, não fazem sentido”, afirma Gislaine Gil, neuropsicóloga do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. É essencial descobrir e usar ferramentas para desacelerar, distinguir o que é falso e agir com racionalidade. “Assim que a ideia negativa surgir, pare e pense no oposto. Se não funcionar, recorde momentos em que foi elogiada, sentiu-se realizada ou aliviada das pressões. São respostas inteligentes às sensações ruins que, aos poucos, quebram esse círculo vicioso”, orienta Gislaine.

3.      Fortaleça os laços

Um estudo recente da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, avaliou os moradores mais velhos de nove aldeias em Cilento, na Itália, para decodificar o segredo da longevidade. Havia muito sofrimento na história da região. Os habitantes tinham passado por guerras, perdido familiares, migrado diversas vezes. Os pesquisadores concluíram que alguns traços de personalidade haviam sido decisivos para a sobrevivência nessa caminhada, entre eles o otimismo e a sensação de pertencimento. Diante de momentos de crise, é preciso estar junto dos seus. “A interação humana é importantíssima para a manutenção do bem-estar. Engajar-se em atividades comunitárias, por exemplo, tira a lente de aumento dos nossos problemas e foca a atenção no bem comum. As relações funcionam como um remédio”, defende Gislaine.

4.      Durma bem!

Passamos um terço da vida de olhos fechados, mas isso não significa que o tempo é bem aproveitado. Vários fatores prejudicam a qualidade do sono, a exemplo da ingestão excessiva de ingredientes estimulantes, caso da cafeína, de alguns medicamentos e até do álcool. Problemas respiratórios, como a apneia, e excesso de preocupação também são vilões da noite tranquila. O resultado é um golpe duro no corpo e na mente. Quem não dorme bem já acorda cansado e predisposto a quadros de irritabilidade, lentidão e falta de concentração. Coloque na conta ainda as cobranças do dia a dia. “O cansaço é apenas um sintoma. Ele acende o alerta de que há algo de errado com o corpo e, em geral, vem acompanhado de queda de produtividade”, diz o neurologista Ivan Okamoto, membro do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Para descansar de verdade, diminua o ritmo cerca de duas horas antes de dormir. Estabeleça um horário-limite para usar o celular e, na cama, prefira os livros. Faça uma refeição leve no jantar e dispense o noticiário pesado.

5.      Mexa o corpo!

Uma onda de bem-estar surge depois de alguns minutos se exercitando. É a ação de uma combinação potente de hormônios, entre eles a endorfina, responsável pela sensação de recompensa. Algumas atividades físicas são ainda mais focadas no relaxamento da mente. É o caso da ioga. A resiliência exigida pelo exercício desafia o corpo, assim como as adversidades da vida mexem com as nossas atitudes. “Quando uma postura testa a habilidade do praticante, ensina-o a lidar com momentos bons e ruins“, argumenta Ciro Castro, instrutor e fundador do projeto Yoga na Rua, que leva a prática a parques de São Paulo e Goiânia. A disciplina segue como um treino também fora do tapete. “As questões que antes geravam desconforto se tornam estímulos quando mudamos a leitura. Essa lição é preciosa para a mente.”

6.      Faça pausas conscientes

O estado meditativo é o nível máximo de concentração que a mente alcança. “No dia a dia, pode ser praticado por meio da atenção plena, que traz o foco para o momento presente”, explica Vitor Friary, psicólogo especialista em terapia cognitiva baseada em mindfulness, do Rio de Janeiro. Não é preciso estar de férias do trabalho ou afastada dos estudos para tal dedicação. “As pausas são ferramentas para diminuir o desgaste e se recompor. “ Ele ensina, em etapas simples, a meditação do apertar e soltar, indicada para quem precisa aliviar tensões:

  • Escolha um cômodo silencioso e afastado de distrações. Comece deitada confortavelmente no chão ou em uma cama e feche os olhos.
  • Com o corpo relaxado, pense e visualize desde os dedos dos pés, subindo pelas pernas, até a cabeça. Faça isso lentamente.
  • Também pelos pés, inicie o movimento de apertar e soltar. Tencione os músculos e, depois de alguns segundos, relaxe. Repita até o pescoço.
  • Durante o exercício, diminua o ritmo da respiração, inspirando e expirando profundamente, sentindo o ar fluir pelo corpo.

Entrevista publicada em 27 de janeiro de 2019, pela Revista Cláudia / Editora Abril.
Por Isabella Marinelli.

Related Posts

Tags

Share This